Parte V – Falando de
potências – Especificando o no break
Quando compramos um no break para uso doméstico ou de um pequeno escritório a coisa não chega ser muito crítica e, mal ou bem, funciona de qualquer maneira. Entretanto, se vamos trabalhar em ambientes com muitos PCs o assunto precisa e deve ser tratado de forma profissional.
A preocupação deve começar, na verdade, pela especificação da fonte de alimentação e sobre ela já tratamos no post anterior, mas não custa relembrar e aprofundar um pouco mais o assunto.
Uma pergunta que todos deveriam se fazer é por que a fonte se especifica a fonte em watt e o no break ou estabilizador (que quase sempre não serve para nada) em VA (volt-ampère)?
Você já parou para pensar nisso?
Acho que podemos responder por você: - claro que não.
Normalmente o “técnico” vai à loja e pede ajuda ao vendedor.
E a resposta será: - esse aqui serve, é muito bom!
Vamos então entender a diferença de se especificar a fonte em watt e o no break em VA:
1) A fonte fornece tensão contínua para
a placa do PC e seus acessórios e, lembre-se, quando trabalhamos com tensão
continua só precisamos pensar em watt;
2) Já o no
break ou estabilizador irá alimentar com tensão alternada a fonte do
PC e o monitor (não devemos ligar impressoras, principalmente, laser, no break ou estabilizador; aliás,
repetimos: esqueça o estabilizador);
3) Por outro lado a fonte do PC e o monitor
são cargas reativas e aí, juntando tensão alternada com cargas reativas temos
que pensar na potência aparente que é medida em VA (volt-ampère).
Se uma fonte tem um fator de potência baixo, por exemplo, igual a 0,6 e supostamente é de 300 W você não pode usar um no break (ou estabilizador) de 300 VA.
Basta fazer uma continha rápida e fácil. Vamos lá. Lembrando que
FATOR DE POTÊNCIA = POTÊNCIA REAL / POTÊNCIA APARENTE
Logo, POTÊNCIA APARENTE = POTÊNCIA REAL/FATOR DE POTÊNCIA que no nosso exemplo dará:
POTÊNCIA APARENTE = 300 W/ 0,6 = 500 VA = 0,5 kVA
Portanto, somente para suportar a fonte do PC o no break já deveria ser de 0,5 kVA, mas como ainda tem o monitor coloque, pelo menos, mais 20% e seu no break deverá ser 0,6 kVA. Mas ainda na para por aí. Continue lendo.
Agora vamos ver a confusão entre fator de potência e eficiência.
Define-se como eficiência ou rendimento de qualquer sistema a relação entre o que é entregue para realizar um trabalho e o que é obtido como resultado do trabalho.
A eficiência ou rendimento ideal é, obviamente, igual a 100%, mas na prática existem perdas dentro do sistema o que faz com que o rendimento seja sempre abaixo de 100%.
No caso das fontes de alimentação uma fonte de 400 W (honestos) com eficiência de 100% (que não existe) deveria consumir da rede elétrica estes mesmos 400 W.
Entretanto, se ela tem uma eficiência de 80% (o que já é muito bom) ela vai consumir 500 W da rede elétrica.
E para onde vão os 100 W da diferença entre 500 e 400?
Eles são transformados em calor e além de deixar sua casa ou escritório mais quentinhos a concessionária de energia elétrica agradece pelos KWh a mais que ela lhe cobrará no final do mês.
Você não entendeu como chegamos aos 500 W no exemplo acima?
Muito simples: - basta dividir os “watts” da fonte pela sua eficiência. No nosso exemplo temos 400 divididos por 0,8 (80%) e chegamos aos 500 W.
Somente os fabricantes de fontes com PFC ativo informam o fator de potência de suas fontes que por sua vez também costumar apresentar eficiências superiores a 80%.
Nas fontes genéricas fica difícil saber o que é verdade e o que é mentira.
Acreditar no que está escrito nos rótulos das fontes é como acreditar em promessa de político.
Uma coisa é certa, a fonte é o item mais importante de um computador.
De nada adianta processadores de última geração, placas de vídeo bombadas e depois ligar tudo isso numa fonte Tabajara e para completar a desgraça usar um no break mal dimensionado. Você estará dando chance para o azar.
Encerramos por aqui esta série de artigos.
Sempre defendemos a idéia que os cursos de montagem e manutenção de micros deveriam incorporar algumas horas para uma introdução a eletricidade e eletrônica.
Infelizmente, na prática não é o que se vê, em geral.
E, certamente, é por isso que temos tantos PCs por ai “dando pau” a toda hora.
Muito mais temos a dizer sobre esse tema, mas isso vai ficar para o livro, num futuro próximo.
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Até sempre.
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