A
motivação para escrever este texto veio de duas situações vividas por mim
recentemente.
A
primeira aconteceu quando decidi comprar lâmpadas led para minha casa.
Em princípio, parece uma coisa simples. Você vai às lojas, avalia os preços e compra onde estiver mais barato, certo?
Não, errado. Os vendedores vão lhe mostrar uma variedade de opções, ligar algumas para você ver qual prefere e aí começa a confusão.
Em princípio, parece uma coisa simples. Você vai às lojas, avalia os preços e compra onde estiver mais barato, certo?
Não, errado. Os vendedores vão lhe mostrar uma variedade de opções, ligar algumas para você ver qual prefere e aí começa a confusão.
Eles
perguntam se você prefere luz do dia ou luz não sei de que e começam a ligar um
monte delas na sua cara confundindo mais que esclarecendo.
Antigamente
(muito antigamente) comprava-se lâmpada pela potência em watt. Estou falando no
tempo das lâmpadas incandescentes, em extinção.
Ninguém
se preocupava efetivamente com a questão da luz. Você pedia uma lâmpada de 60
W, por exemplo, e pronto.
No
caso das lâmpadas fluorescentes, entretanto além da “potência” em watt tinha outra
especificação, como luz do dia, luz fria ou coisas do tipo e escolhíamos no olhometro.
Aí
vieram as chamadas lâmpadas eletrônicas onde surgiu um conceito “novo” que eu
vou denominar potência equivalente. O vendedor lhe oferece uma lâmpada de 9 W,
por exemplo, enquanto na embalagem está escrito que equivale a 20 W.
E
como é feita esta equivalência? Alguém sabe? Isto me soa a PMPO dos
equipamentos de som, não é mesmo?
Pensando
bem, estabelecer uma relação entre a luz emitida por uma lâmpada, seja lá de
que tipo for, e a potência elétrica é algo muito precário.
Na
verdade o que deve importar mais, em relação à luminosidade de uma lâmpada, são
dois parâmetros, em geral, pouco conhecidos do público: a quantidade de lumens
e a temperatura da cor. Obviamente, não devemos desprezar os watts porque estes
pesam no bolso, mesmo com a “redução” da conta de luz da nossa “presidenta”.
Não
sou um especialista em iluminação para entrar em mais detalhes sobre o tema e
também não quero teorizar demais e terminar por não fornecer a quem lê a
matéria, informações verdadeiramente úteis.
O
que descobri na minha compra de lâmpadas de led é que além da potência em watt
devemos nos preocupar com a temperatura da cor, para não correr o risco, como
aconteceu comigo, de comprar lâmpadas de potências iguais, mas que apresentavam
uma luminosidade diferente, pois tinham temperatura de cor diferentes.
O que é temperatura da
cor?
Este
é um conceito importante quando falamos de luz porque afinal cor também é luz.
Há,
porém uma confusão feita por algumas pessoas com relação ao conceito de
temperatura da cor.
E
aqui vai o segundo motivo que me levou a escrever esta matéria. Dia desses vi
uma explicação bizarra num blog que eu sigo sobre pintura.
Dizia
a autora do blog que “temperatura das cores, designa a capacidade que as cores
têm de parecer quentes ou frias e de transmitir sentimentos ao observador”. Barbaridade
tchê!
Este
“conceito” é da psicologia e não física, portanto meramente subjetivo.
Aliás,
quem o introduziu foi o psicólogo alemão Whilhelm Wundt. Então, está explicado!
Mas,
então como se mede a temperatura de uma cor?
Pra
falar a verdade, não se mede.
O
termo temperatura da cor advém do fato (visível) de que os materiais aquecidos
emitem uma luz de uma determinada cor que depende da temperatura de aquecimento
e por isso, diz-se: temperatura da cor.
Você
pode comprovar isso facilmente no laboratório de físico-química da sua casa: a
cozinha.
Pegue
um prego ou outro pedaço de metal qualquer segure com um alicate de cabo
isolado e leve-o ao bico do gás do seu fogão.
Observe que à medida que o metal vai ficando mais quente a
sua cor (luz) vai mudando até chegar a um vermelho bem forte popularmente
conhecido como brasa.
No seu laboratório-cozinha não há para medir as temperaturas associadas a cada cor atingida, mas os físicos nos seus laboratórios de verdade fazem isto como pode ser visto no quadro abaixo.
No seu laboratório-cozinha não há para medir as temperaturas associadas a cada cor atingida, mas os físicos nos seus laboratórios de verdade fazem isto como pode ser visto no quadro abaixo.
Quem
não está acostumado pode estranhar o tamanho dos números associado às cores (de
1200 K a 11000 K) bem como a letra K ao lado.
A
letra K é o símbolo de kelvin, uma unidade de medida de temperatura assim como
Celsius e Fahrenheit, porém mais usada em ambientes científicos.
Observe
a faixa que vai de 3000 K a 4500 K, pois são estes valores que nos interessam quando
vamos comprar lâmpadas, sejam elas de led ou qualquer tipo. As cores (“luzes”)
mais próximas do branco estão entre 3400 e 5000 K.
Ops!
Mas, se olharmos na figurinha sugerida acima não parece ser bem assim. As cores
entre 3000 e 4500K parecem estar entre o laranja e o verde. Então o que está
errado? A questão é que existe uma diferença entre cor luz e cor pigmento
(tinta). Assim, a figura por ser extraída de um modelo impresso não representa
a mesma coisa que a luz.
Este
é um tópico que merece uma explicação mais detalhada e eu o farei em outro post aqui no blog.
Comprove isso através da animação em http://www.if.ufrgs.br/~leila/cor.htm.
À medida que você escolhe uma temperatura nessa animação você verá ao lado a contribuição de cada uma das primárias RGB(vermelho, verde e azul), bem como o resultado final da cor obtida em appearance. Observe que o branco “puro” corresponde à temperatura da cor da luz do Sol (5300 K).
À medida que você escolhe uma temperatura nessa animação você verá ao lado a contribuição de cada uma das primárias RGB(vermelho, verde e azul), bem como o resultado final da cor obtida em appearance. Observe que o branco “puro” corresponde à temperatura da cor da luz do Sol (5300 K).
Divirta-se
com a animação sugerida . É muito interessante.
Este
é um assunto que deveria ser conhecido por todo mundo nos dias de hoje e
ensinado nas escolas no lugar de muitas bobagens que não ajudam em nada na
formação do cidadão. Mas, esse e outro papo.
Se
você gostou recomende para seus amigos (e inimigos também) e deixe um
comentário.
Até
sempre.
Referências bibliográficas:
Referências bibliográficas:
http://www.if.ufrgs.br/~leila/cor.htm (16/02/2013)
http://blogdomrcondes.blogspot.com.br (25/02/2013)
Olá Paulo,
ResponderExcluirMuito bom esse post sobre as cores e temperaturas.
Realmente as lâmpadas novas confundem e enganam os consumidores, são três parâmetros que estão em jogo: potência, luminosidade e cor da luz.
As lâmpadas eletrônicas conseguem a mesma luminosidade das lâmpadas incandescentes, mas consumindo muito menos potência. O problema é que as lâmpadas incandescentes são sempre de cor amarelada e as lâmpadas eletrônicas podem ser mais brancas e por isso pode não ser confortável para ler, mesmo iluminando mais.
A temperatura de cor indica a cor aparente da luz emitida como você apresentou e aquela animação mostra isso muito bem. Nas lâmpadas a temperatura vêm quantificada em K (graus Kelvin) e ao aumentarmos a temperatura de cor, a cor da luz emitida passa de uma tonalidade quente a uma tonalidade mais fria (do avermelhado para o azulado).
A tabela a seguir indica a classificação da tonalidade de cor da luz emitida por uma lâmpada:
Temperatura (k) Classificação Sigla Tonalidade emitida
Inferior a 3300 ºK Quente W Branco quente
Entre 3300ºK e 5300 ºK Intermediária I Branco neutro
Superior a 5300 ºK Fria C Branco frio
Ficou muito bom o post.
segue um link sobre uso de lâmpadas: http://www.lume.com.br/pdf/ed01/ed_01_Aula.pdf
Valeu Cesar
ResponderExcluirVou continuar a pesquisa pois, ainda tem algumas coisinhas para explorar neste assunto.
Aguarde.
Ola Paulo, Gostei muito das suas matérias.
ResponderExcluirUm Abraço.
Belo artigo, professor. Maravilhosa a oportunidade de ampliar o assunto visitando os links sugeridos. As contribuições dos leitores fizeram deste artigo uma bela referência.
ResponderExcluirMuito obrigado, Domingos
ResponderExcluirBrevemente voltarei a escrever sobre o tema. Aguarde
Abraços e até sempre.