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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Temperatura da cor ou Comprando lâmpadas nos dias atuais


A motivação para escrever este texto veio de duas situações vividas por mim recentemente.
A primeira aconteceu quando decidi comprar lâmpadas led para minha casa.

Em princípio, parece uma coisa simples. Você vai às lojas, avalia os preços e compra onde estiver mais barato, certo?

Não, errado. Os vendedores vão lhe mostrar uma variedade de opções, ligar algumas para você ver qual prefere e aí começa a confusão. 
Eles perguntam se você prefere luz do dia ou luz não sei de que e começam a ligar um monte delas na sua cara confundindo mais que esclarecendo.
Antigamente (muito antigamente) comprava-se lâmpada pela potência em watt. Estou falando no tempo das lâmpadas incandescentes, em extinção.
Ninguém se preocupava efetivamente com a questão da luz. Você pedia uma lâmpada de 60 W, por exemplo, e pronto.
No caso das lâmpadas fluorescentes, entretanto além da “potência” em watt tinha outra especificação, como luz do dia, luz fria ou coisas do tipo e escolhíamos no olhometro
 
Aí vieram as chamadas lâmpadas eletrônicas onde surgiu um conceito “novo” que eu vou denominar potência equivalente. O vendedor lhe oferece uma lâmpada de 9 W, por exemplo, enquanto na embalagem está escrito que equivale a 20 W.
E como é feita esta equivalência? Alguém sabe? Isto me soa a PMPO dos equipamentos de som, não é mesmo?
Pensando bem, estabelecer uma relação entre a luz emitida por uma lâmpada, seja lá de que tipo for, e a potência elétrica é algo muito precário.
Na verdade o que deve importar mais, em relação à luminosidade de uma lâmpada, são dois parâmetros, em geral, pouco conhecidos do público: a quantidade de lumens e a temperatura da cor. Obviamente, não devemos desprezar os watts porque estes pesam no bolso, mesmo com a “redução” da conta de luz da nossa “presidenta”.
Não sou um especialista em iluminação para entrar em mais detalhes sobre o tema e também não quero teorizar demais e terminar por não fornecer a quem lê a matéria, informações verdadeiramente úteis.
O que descobri na minha compra de lâmpadas de led é que além da potência em watt devemos nos preocupar com a temperatura da cor, para não correr o risco, como aconteceu comigo, de comprar lâmpadas de potências iguais, mas que apresentavam uma luminosidade diferente, pois tinham temperatura de cor diferentes.
 
O que é temperatura da cor?
Este é um conceito importante quando falamos de luz porque afinal cor também é luz.
Há, porém uma confusão feita por algumas pessoas com relação ao conceito de temperatura da cor.
E aqui vai o segundo motivo que me levou a escrever esta matéria. Dia desses vi uma explicação bizarra num blog que eu sigo sobre pintura.
 
Dizia a autora do blog que “temperatura das cores, designa a capacidade que as cores têm de parecer quentes ou frias e de transmitir sentimentos ao observador”. Barbaridade tchê!
Este “conceito” é da psicologia e não física, portanto meramente subjetivo.
Aliás, quem o introduziu foi o psicólogo alemão Whilhelm Wundt. Então, está explicado!
Mas, então como se mede a temperatura de uma cor?
Pra falar a verdade, não se mede.
O termo temperatura da cor advém do fato (visível) de que os materiais aquecidos emitem uma luz de uma determinada cor que depende da temperatura de aquecimento e por isso, diz-se: temperatura da cor.
Você pode comprovar isso facilmente no laboratório de físico-química da sua casa: a cozinha.
Pegue um prego ou outro pedaço de metal qualquer segure com um alicate de cabo isolado e leve-o ao bico do gás do seu fogão.
Observe que à medida que o metal vai ficando mais quente a sua cor (luz) vai mudando até chegar a um vermelho bem forte popularmente conhecido como brasa.


No seu laboratório-cozinha não há para medir as temperaturas associadas a cada cor atingida, mas os físicos nos seus laboratórios de verdade fazem isto como pode ser visto no quadro abaixo.
                                                                                             
Quem não está acostumado pode estranhar o tamanho dos números associado às cores (de 1200 K a 11000 K) bem como a letra K ao lado.
A letra K é o símbolo de kelvin, uma unidade de medida de temperatura assim como Celsius e Fahrenheit, porém mais usada em ambientes científicos. 
Observe a faixa que vai de 3000 K a 4500 K, pois são estes valores que nos interessam quando vamos comprar lâmpadas, sejam elas de led ou qualquer tipo. As cores (“luzes”) mais próximas do branco estão entre 3400 e 5000 K.
Ops! Mas, se olharmos na figurinha sugerida acima não parece ser bem assim. As cores entre 3000 e 4500K parecem estar entre o laranja e o verde. Então o que está errado? A questão é que existe uma diferença entre cor luz e cor pigmento (tinta). Assim, a figura por ser extraída de um modelo impresso não representa a mesma coisa que a luz.
Este é um tópico que merece uma explicação mais detalhada e eu o farei em outro post aqui no blog.
Comprove isso através da animação em http://www.if.ufrgs.br/~leila/cor.htm

À medida que você escolhe uma temperatura nessa animação você verá ao lado a contribuição de cada uma das primárias RGB(vermelho, verde e azul), bem como o resultado final da cor obtida em appearance. Observe que o branco “puro” corresponde à temperatura da cor da luz do Sol (5300 K). 
Divirta-se com a animação sugerida . É muito interessante.
Este é um assunto que deveria ser conhecido por todo mundo nos dias de hoje e ensinado nas escolas no lugar de muitas bobagens que não ajudam em nada na formação do cidadão. Mas, esse e outro papo.
Se você gostou recomende para seus amigos (e inimigos também) e deixe um comentário.
Até sempre.

Referências bibliográficas:



5 comentários:

  1. Olá Paulo,

    Muito bom esse post sobre as cores e temperaturas.
    Realmente as lâmpadas novas confundem e enganam os consumidores, são três parâmetros que estão em jogo: potência, luminosidade e cor da luz.
    As lâmpadas eletrônicas conseguem a mesma luminosidade das lâmpadas incandescentes, mas consumindo muito menos potência. O problema é que as lâmpadas incandescentes são sempre de cor amarelada e as lâmpadas eletrônicas podem ser mais brancas e por isso pode não ser confortável para ler, mesmo iluminando mais.
    A temperatura de cor indica a cor aparente da luz emitida como você apresentou e aquela animação mostra isso muito bem. Nas lâmpadas a temperatura vêm quantificada em K (graus Kelvin) e ao aumentarmos a temperatura de cor, a cor da luz emitida passa de uma tonalidade quente a uma tonalidade mais fria (do avermelhado para o azulado).
    A tabela a seguir indica a classificação da tonalidade de cor da luz emitida por uma lâmpada:


    Temperatura (k) Classificação Sigla Tonalidade emitida
    Inferior a 3300 ºK Quente W Branco quente
    Entre 3300ºK e 5300 ºK Intermediária I Branco neutro
    Superior a 5300 ºK Fria C Branco frio



    Ficou muito bom o post.
    segue um link sobre uso de lâmpadas: http://www.lume.com.br/pdf/ed01/ed_01_Aula.pdf

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  2. Valeu Cesar

    Vou continuar a pesquisa pois, ainda tem algumas coisinhas para explorar neste assunto.
    Aguarde.

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  3. Ola Paulo, Gostei muito das suas matérias.
    Um Abraço.

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  4. Belo artigo, professor. Maravilhosa a oportunidade de ampliar o assunto visitando os links sugeridos. As contribuições dos leitores fizeram deste artigo uma bela referência.

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  5. Muito obrigado, Domingos

    Brevemente voltarei a escrever sobre o tema. Aguarde

    Abraços e até sempre.

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